Em poucas palavras, governança corporativa é o conjunto de processos, costumes e leis que norteiam a forma como uma organização é administrada.

Baseado em valores essenciais, como transparência e confiança, esse tema tem sido pauta recorrente de diversas reuniões de planejamento nas organizações corporativas.

E não é para menos – a governança corporativa representa uma excelente oportunidade de evolução nos negócios.

Com isso, aqueles empresários que fazem questão de abordar o assunto e, mais do que isso, colocá-lo em prática, estão no caminho certo.

Neste artigo, vamos detalhar um pouco mais sobre conceito, princípios, estrutura, benefícios, diferenciais e outras características fundamentais da governança corporativa. Veja!

O que é governança corporativa?

Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), trata-se de um:

Sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas.

Ou seja, governança corporativa é um conjunto de práticas que uma empresa adota para fortalecer a organização e alinhar os interesses do negócio, dos sócios, dos diretores, acionistas e outros stakeholders, e conciliar esses interesses com os órgãos de fiscalização e regulamentação.

O pilar da governança corporativa é o equilíbrio dos interesses de todas as partes, preservando o valor da empresa e sua longevidade.

A transparência de todos os processos realizados dentro da organização resulta na imagem de uma empresa estável, que apresenta pouco risco e que pratica uma gestão íntegra e de excelência.

Pode ser que nesse momento você esteja pensando que a governança corporativa sirva apenas para as grandes empresas, mas não é bem assim. 

Esse modelo de governança não está diretamente relacionado ao faturamento ou ao número de colaboradores.

É claro que as empresas maiores têm maior urgência na implementação da governança corporativa, mas os princípios dessa metodologia são totalmente aplicáveis aos negócios de médio e pequeno porte também.

Quando surgiu esse sistema, afinal de contas?

Esse termo pode até parecer novidade para você, leitor(a), mas a governança corporativa (GC), enquanto prática empresarial existe desde sempre.

Entretanto, ela tem se destacado mais nos últimos anos a partir da busca por uma gestão mais otimizada e transparente.

Os primeiros passos da GC foram dados a partir da descentralização da propriedade, ou seja, quando começaram a aparecer diferentes funções dentro de uma mesma empresa, gerando conflitos de interesse.

Depois disso, na década de 1970, os economistas Michael C. Jensen e William H. Meckling criaram a “Teoria do Agente” a partir de seus estudos em empresas britânicas e norte-americanas.

Essa teoria foi baseada na relação entre propriedade e controle, e conflitos das partes interessadas. Nela são estabelecidos os papéis de um agente principal (centro das relações) e um agente contratado (quem executa e toma decisões).

Mas até mesmo nessa divisão há conflitos, visto que um agente tende a levar o negócio mais para os seus interesses. 

Com isso, os autores sugerem que as companhias implementem medidas que alinhem os interesses de todas as partes, como monitoramento, controle e troca de informações – nesse momento surge a governança corporativa.

O cenário da GC no Brasil

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, a governança corporativa em solo brasileiro começa na mesma época em que os primeiros códigos de GC passam a ser elaborados (por volta de 1990).

No Brasil, esse movimento se dá principalmente pela onda de privatizações e abertura de mercado, e em 1999 o IBGC lança o seu seu primeiro Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa.

Governança corporativa - três empresários multiétnicos conversando diante de mesa do escritório.

Para que serve essa metodologia no âmbito organizacional?

A governança corporativa assegura que os interesses dos administradores estejam alinhados aos interesses dos donos do negócio.

Ela garante que os processos e as estratégias estão sendo corretamente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de contas na empresa.

Veja mais algumas razões para implementar a GC:

Evita escândalos e conflitos

Para evitar problemas como escândalos de corrupção ou falhas no processo, surgiram os primeiros códigos de governança corporativa, que buscavam garantir a manutenção das boas práticas de gestão e do valor da marca.

Valoriza a imagem da empresa

Uma boa governança corporativa é capaz de valorizar a imagem da empresa por meio da ética e da promoção dos bons valores corporativos.

Atrai investidores

Fortalecer a governança corporativa é uma forma de garantir que a empresa se manterá longe de uma má reputação e, consequentemente, poderá atrair investimentos.

Aumenta o valor de mercado da empresa

Investir em governança corporativa aumenta o valor de mercado e a competitividade de uma organização. Esse tópico é, praticamente, a consequência da soma de todos os outros anteriores.

Os princípios da governança corporativa

Ainda de acordo com o IBGC, a governança corporativa possui 4 princípios fundamentais. São eles:

Transparência

transparência diz respeito a um relacionamento transparente entre todos os envolvidos naquele negócio, ou seja, seus stakeholders, gestão, sócios, colaboradores, fornecedores, etc. 

Somente a partir de processos transparentes os objetivos são mais claros para a equipe, bem como as decisões são mais assertivas.

Equidade  

O princípio da equidade, garante que todos tenham um tratamento justo naquela organização, considerando suas particularidades, necessidades e expectativas

Prestação de contas 

Na prestação de contas existe alguém que se responsabiliza por tudo, deixando claro as decisões tomadas, omissões e suas responsabilidades.

Responsabilidade corporativa 

Esse pilar é aquele que zela pela sustentabilidade e longevidade da empresa, de acordo com seus propósitos e objetivos

Compreendendo melhor o funcionamento da GC na prática

A regulação da relação entre todos os envolvidos na governança corporativa de uma empresa é feita de três formas: através de regrasauditorias e restrições de autonomia.

Regras

Estabelecer regras significa estipular normas para estruturar a organização e limitar o comportamento indesejável dos administradores, conduzindo as suas decisões.

Auditorias

Fazer auditorias é fundamental para checar se as regras estabelecidas previamente estão sendo cumpridas ou não, além de monitorar as ações dos administradores.

Restrições de autonomia

Impor restrições de autonomia se trata de limitar a atuação dos administradores e determinar ações que eles estão autorizados a fazer.

Governança corporativa - reunião de empresários em sala de reunião. Dois homens em pé conversando e os demais empresários sentados. Há homens e mulheres reunidos.

Estrutura básica da metodologia de governança nas empresas

A estrutura de uma governança pode sofrer modificações, dependendo do país no qual ela está em vigor.

Com isso, é importante dizer que não existe uma “receita” a ser seguida por todas as empresas para criar a “estrutura ideal”. 

Mas trouxemos para você uma estrutura básica de governança para que consiga replicar em sua empresa, conforme necessidades específicas do país e da cultura organizacional local:

  • Assembleia Geral: Aqui se concentram todos os sócios; 
  • Conselho de Administração: Parte responsável pela visão estratégica;
  • Conselho Consultivo: Presta apoio e suporte às decisões e estratégias;
  • Comitês: Criam relatórios que auxiliam na tomada de decisões;
  • Conselho Fiscal: Parte responsável por cuidar, fiscalizar e checar;
  • CEO/ Presidente/ Diretorias: Parte que executa as estratégias definidas e segue o planejamento.

9 vantagens imperdíveis da governança corporativa

Ao apostar na GC, a organização tem grande potencial para transformar todas as suas formas de atuação no mercado.

Os princípios que vimos acima, quando transformados em atitudes, contribuem significativamente para a longevidade das empresas.

Como destaca o IBGC, em seu Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, ocorre um alinhamento de interesses, objetivando preservar e otimizar o valor econômico de longo prazo da organização, o que contribui para a maior qualidade de gestão.

Dito isso, vamos a outros exemplos específicos sobre os benefícios da governança corporativa:

  1. Maior visibilidade de mercado;
  2. Prevenção de problemas, erros e fraudes;
  3. Facilidade na captação de recursos;
  4. Redução do custo do capital;
  5. Melhor desempenho operacional;
  6. Controle do abuso de poder, uma vez que as decisões não estão na mão de uma só pessoa;
  7. Evita o conflito de interesses;
  8. Promove a sustentabilidade do negócio;
  9. Impede o uso de informação privilegiada por poucos interessados.

É inegável que uma gestão transparente contribui para dar o melhor destino aos recursos da empresa, facilitando, ainda, a atração de investimentos e outras fontes de investimento externo.

Então governança corporativa é o mesmo que compliance?

A GC e o compliance se relacionam e ambas são importantes para que a empresa obtenha sucesso. Mas não são a mesma coisa

Como já vimos durante este artigo, a governança corporativa é a área responsável pela relação entre todos os interessados pela empresa, internamente e externamente.

Seu foco não é apenas seguir o que está nas leis e normas, é criar todo um ambiente para atingir uma boa reputação, garantindo a integridade e a longevidade do negócio.

Por outro lado, o compliance significa estar em conformidade com leis e regulamentos internos e externos, garantindo que todos estejam em sintonia com essas normas.

Então, é bastante comum que exista sempre uma revisão de processos focada em verificar se tudo está dentro das regras ou, até mesmo, para prever possíveis problemas. 

Primeiros passos para implementar a governança corporativa na sua organização

Veja quais são os primeiros passos para a implementação da GC, segundo a Euax Consultoria:

1. Defina papéis e responsabilidades

Não existe governança corporativa sem papéis e responsabilidades bem definidos. É preciso saber a quem cada pessoa responde e pelo que cada um é responsável.

2. Crie um Conselho Administrativo

Conselho Administrativo é como um grupo de guardiões dos interesses organizacionais. Ele supervisiona o relacionamento da empresa com seus stakeholders, toma decisões estratégicas importantes e é um elo entre os sócios e o resto da organização. Esse conceito é eleito pelos sócios.

3. Adote políticas de gestão de riscos

É necessário identificar e avaliar constantemente os riscos aos quais a empresa está exposta, sejam eles financeiros, operacionais, legais, ambientais ou outro tipo.

A partir dessa identificação, é preciso criar planos de ação para mitigar os riscos ou resolver eventuais problemas.

4. Acompanhe

Há uma série de ações de controle que ajudam a garantir que tudo está nos trilhos. Reuniões que alinham a comunicação entre os stakeholders, criação de mecanismos de controle – como auditorias e outros processos de monitoramento – , criação de um código de conduta (e a garantia de que ele é cumprido), entre outros.

Esse acompanhamento ajuda a garantir que os processos da governança corporativa estão funcionando como deveriam.

E aí, o que você achou deste tema? Sem dúvidas a governança corporativa promove muitas mudanças positivas em uma organização, proporcionando, inclusive novas oportunidades de expansão com a atração de investidores, por exemplo. Tudo isso com muita transparência!

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